A GRANDE BATALHA

15/06/2011 11:43

A comadre onça caçava no meio de mata quando, de repente, ouviu um certo zunido que saia de um labirinto. Então, parou para ver. Notou que no meio daquela algazarra estava o grande rei dos insetos, o grilo, que celebrava com seus vassalos mais uma vitória do fim de estação.

                  E todo os insetos estavam presentes, cada um se divertindo á sua maneira: correndo, se agrupando e até mesmo trabalhando, conforme o caso das formigas. A grande estrela era a cantora cigarra, que ensaiava sua orquestra e cantava para animar a festa.

                  O compadre grilo, que cantava alegremente, não sabia que estava sendo observado pela enciumada felina, que não gostou de ver aquela festa na “sua” floresta, onde reinava sozinha!

                  Por causa disso, a rainha declarou guerra ao rei grilo e seus súditos, alegando ser a selva muito pequena para dois reis!

                  A onça convocou as suas feras para guerrear, deixando alguns parentes de fora, como o leão-marinho e o mico-leão-dourado; por conta disso, convocou o primo leopardo para comandar a tropa. E mandou um emissário com uma declaração de guerra para o grilo.

                  Ao receber tal notícia, o rei grilo reuniu todos os insetos e se preparou para a guerra. Colocou todos em círculos, amontoando-os em folhas, galhos, troncos de árvores, em volta das pedras e nos buracos. Todos de prontidão! Sem falar nas adesões voluntárias, como os marimbondos amarelos com seus ferrões, prontos para entrar em ação; e também as mutucas, os zangões e os seus comandados. Na linha de frente, as lagartas-de-fogo, taturanas e as sanguessugas.

                  O lobo-guará, a serviço da onça, foi recebido por centenas de cupins e arapuás que lhe taparam os olhos, adentrando em seus ouvidos. Deixando-o doidinho da Silva, tanto que logo bateu em retirada.

                  A onça mandou outro emissário, a capivara, que também foi atacada por centenas de marimbondos, batendo em retirada de volta para o bando mais machucada do que nunca. A essa altura, a onça já babava de tanta raiva em ver seus melhores soldados amedrontados por criaturas pequeninas. Até porque já tinha a batalha por vencida. Por isso, foi ela mesma levar a declaração de guerra ao rei grilo.

                  Do outro lado, mais e mais adesões de aliados chegavam até o grilo só de saberem de tamanha bravura, como a aranha viúva-negra e o escorpião.

                  Aí veio a comadre onça, bufando de ódio e cheia de si. Foi “recepcionada” pelos guerreiros do grilo: um batalhão de mosquitos que entrou por suas narinas e a se coçar, agredindo-se com suas próprias patas, ficando atordoada. Ela voltou aos berros, em tão louca disparada, que até estremeceu a selva. Os seus súditos que aguardavam ordem da rainha, ao vê-la naquele estado, fugiram apavorados com tamanha força de oponentes tão minúsculos, que venceram a guerra.

                  Neste coto, aprendemos que não podemos desprezar quem quer que seja, mesmo que este alguém pareça, insignificante. Pois até ele tem um real valor!